quinta-feira, 25 de julho de 2019

La Doleur Exquise

É com toda a sinceridade que te digo que nunca nada antes me doeu tanto. 
E se vamos ser sinceras, digo-te já que não minto quando admito de uma vez por todas que todos os dias me questiono como tive a sorte de seres tu a calhar-me nos braços. Existe aquela expressão, como é que é? Caiu-te de para-quedas.
Numa perspectiva melodramática, confesso ter-me tornado uma daquelas personagens de livros e filmes, aquelas clichés e que às vezes julgamos. Sim, aquelas parvas mas tão parvas que se riem sozinhas, que vão na rua de uma forma tão natural e sorriem à vida, mesmo no meio de todos os terrores. Sou dessas e é porque penso em ti. Que parvoíce, não é? Para mim é parvo dizer uma coisa que me está chapada na testa.
E por falar em chapar, estava eu chapadinha no sofá, com sono e tudo, quando me vens tu chatear a moina, e dá-me vontade de escrever, porque dizem que é o que faço de melhor. Talvez seja, vai-se lá saber, nunca fui boa em muitas coisas, mas também já disseram que estou bem é calada. Talvez, mas como ficarei eu calada se me escorrem palavras pelos dedos e pela boca? A felicidade não se cala, nossa senhora.
Que hei eu de fazer se estou eu tão quietinha a bater uma caneta na mesa, à espera de algo que fazer, e lá vens tu, com essa expressão de parva que nunca olha para as fotografias e foi comprar uns óculos à harry potter que lhe ficam melhor do que uma cebola num bom estrugido? Que comparação, não é? Mas não há do melhor.
E datas? Jesus, como tenho a mania de decorar as datas mais importantes e contar as horas para sei lá... fazer não sei quanto tempo desde que te conheci? Era assim e contava só para mim. Mas o tempo contigo parece tão escasso que nem contei, com medo de saber, com medo de que este sentimento todo não caiba na porcaria de três ou quatro meses. Será que há um cálculo para o que sentimos? Quer dizer, dizem tanto que não conhecemos alguém há tempo suficiente para sentir tal coisa que acho que... Ora vamos lá ver. Quatro meses bem contados, dá uma média de 122 dias, não é verdade? Qualquer coisa assim. Dividindo 122 pelas décimas de sentimento que aterram no meu coração a cada palavra que trocamos... Isso dá quanto? Dizer boa noite no final do dia conta como palavra? E as madrugadas na conversa, conta como dois dias onde andamos a contar as migalhas do pão?
Não te sei dizer. Não sei dizer muita coisa, mas gostava de dizer ainda mais do que isso. Confuso, não é?
Quem diria alguma vez que era possível sentir-se apaixonada quando alguém nos manda uma imagem de um gato irritado? Olha-me que esta... Essa é boa. E com a imagem do gato lá vem as imagens irónicas e lá te mando eu algumas de volta, que já conheces, mas a gente finge que não é a quinquagésima vez que vemos aquilo na frente. Pff, apaixonada, Vai masé dormir.
E que faço eu se nem a dormir me largas? É de exagerar, mas confesso que durmo melhor e tudo. Não é nenhuma psicologia nem nenhuma coisa elaborada com explicação, é só um sonho engraçado que vai desde o momento que te toco a pele até nunca mais a largar. Que coisa, que coisa.
E eu não sei, não é aquele tipo de amor que te vá dizer que te amo daqui até à lua e da lua até aqui, sabes? Se te vou dizer uma coisa dessas é por palavras minhas, não por uma música qualquer que foi um hit em 2008 e dava no canal panda.
Mas já viste bem que me pões a usar palavras que eu nem sei bem o que significam, mas eu uso, porque tu usas, e lá tem que ser, olha o remédio se quero que me entendas.
Dás-me a conhecer uma parte de ti todos os dias, ou quase todos, porque gosto de excluir mentalmente aqueles que me deixas parva da vida a contar grãos de areia imaginários porque não estás. É verdade, sim senhor. E a cada parte nova, é como se o coração aumentasse mais, e tem que aumentar, afinal eu achava que não cabia mais nada, mas gostas de te meter comigo e provar-me o contrário. E, falando nisso, o que gostas mesmo é de me deixar louca quando me dizes preciso de te contar uma coisa e eu fico lá, à espera, pergunto o que raio é que é, e então desapareces, esvaires-te, como se nunca tivesses dito nada e que penso eu? Pois é, sabes que sou maluca e deixas-me assim. Não me estou a queixar, para ser honesta, a melhor parte é quando voltas e feita parva dizes algo como comi batatas hoje e não gostei. Sim, é uma hipérbole, mas não é tão longe da verdade quanto parece. Isso e quando me dizes que precisas de me pedir algo, o que não aconteceu muitas vezes, mas lá vai o meu coração mole gritar-me aos ouvidos é desta, é desta. E é desta o quê? Que te pões na alheta, o que nem sequer faz algum sentido, mas eu também nunca disse que ia ser coerente.
Esta coisa já está é a ficar grande e ainda nem disse metade. 
E esta música que tenho nos ouvidos e não me sai da cabeça e ainda nem tentei entender o que raio está para ali o homem a dizer, a falar espanhol e essas coisas de hoje em dia, e nem te vou dizer o que diz ele no refrão... Isto para te dizer que também te tive na cabeça por dias e tão pouco entendia porquê. É parecido, não é? A diferença que posso constatar é que daqui a três dias quero lá saber da música, e tu que já cá estás à bem mais do que três semanas, pairas e pairas, e nada de te ir.
Lembraste que quando prometi sinceridade falei de dor? Ali em cima, caraças. '' É com toda a sinceridade que te digo que nunca nada an...'' Sabes? É que a dor é como as lágrimas. Ninguém o diz, mas juro que é verdade. Inventaram essa de que as lágrimas podem ser de felicidade. Pois bem, eu que gosto de inventar, inventei que a dor também pode ser de felicidade. E sabes porquê? Dás-me cabo do juízo, outro que foi com o piiii assim que me azucrinaste o miolo. Explico-te então que a dor pode ser de felicidade porque não me deixas sentir outra coisa perto de ti, então tive que tomar medidas drásticas. É isso e a puta da saudade, mas adiante. E se a dor é boa, só me resta dizer-te que me dóis tanto. Juro-te, és daquelas feridas que ficam ali e magoam só por existir, às vezes até custa a olhar. Urrr, que coisa feia. E não me obrigues a explicar-te que se estou a dizer-te que a dor pode ser feliz, então uma coisa feia... Olha que te fica mal não entender. 
Devo dizer-te, já que digo tudo, que tenho o filho da mãe de um porta-chave num carrinho de um site qualquer com a tua morada como endereço de entrega, mas aquilo pede-me uma coisa  qualquer que não sei o que é, então se leres isto diz-me logo qual é a porcaria do teu CPF. Juro-te que é um bonito e que até podes gostar, tem um aviãozinho e tudo, e um postal que diz I love you. E olha, nos últimos dias, quando me disseste que pela primeira vez eu tinha dito que te amava, é porque honestamente... honestamente... quando me disseste eu achei que fosse uma alucinação daquelas... parvas. Mas pronto, manda-me lá o CPF para quando chegar aí me poderes dizer que cantada ruim, como dizes sempre que eu tento. Não culpes uma rapariga por tentar que eu fui ensinada que a moral da história é que pelo menos... tentei. 

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